Acreditem que foi pura coincidência, mas o nosso Peugeot 3008 atingiu os 3008 quilómetros percorridos na noite do terceiro dia desta expedição, quando alcançámos a região de Sidi Ifni.
Este antigo enclave espanhol, quase às portas do Sahara, que esteve sob domínio do país vizinho desde 1934 a 1969 e que foi sujeito a um dos episódios mais tensos entre os muitos que se viveram nos primórdios da independência de Marrocos, em 1956.
Desde logo, o Rei de Marrocos quis forçar os espanhóis a retirarem-se desta área e mobilizou uma operação militar que levou a uma reacção enérgica das forças coloniais, pois o General Franco fez imediatamente deslocar para o terreno algumas companhias. Uma delas chegou mesmo de pára-quedas, para assegurar a defesa da cidade de Sidi Ifni, que em 1958 foi cercada durante alguns meses, mantendo-se inexpugnável.
Neste caso, a Espanha saiu vitoriosa, mas Marrocos não desistiu de recuperar estes territórios e o de Sidi Ifni viria a conseguir em 1969, depois de imensa pressão diplomática, sobretudo através das Nações Unidas.
A presença espanhola
Esta cidade, sobre um promontório à beira mar, é um daqueles lugares onde só vai quem mesmo quer ir, pois não é local de passagem para lado algum.
Da memória das três décadas e meia de presença espanhola ficou curiosamente, a língua, que muitos ainda insistem em falar, mas também o velho Cinema Avenida e, mesmo em frente, o café que lhe tomou o nome, entre inúmeros estabelecimentos comerciais que parecem até ter ficado parados no tempo.
E ainda o antigo palácio do Governador espanhol, que permanece num dos cantos da praça central, frente aos edifícios da administração marroquina, mantendo-se emparedado mas totalmente de pé, como que um monumento a esse passado ainda recente.
As primeiras pistas
E foi dali que partimos à conquista das primeiras pistas de terra, sujeitando o Peugeot 3008 a um teste tão encantador, pela beleza do percurso que descobrimos entre os montes e vales em redor de Sidi Ifni, como também pela facilidade de desempenho evidenciada.
