![](http://www.pressxlnews.com/wp-content/uploads/2019/10/UMM-277000-km-moinhos.jpg)
O projecto já não é de hoje. E reflecte a determinação de Victor Moniz em concretizar o sonho de ligar Lisboa a Luanda de moto. Começou a viagem na Primavera de 2017, mas ficou na fronteira da Nigéria. Mais tarde, já com novos companheiros, uma queda deixou-o na Nigéria; dentro de um mês espera arrancar pela terceira vez. Ao encontro de Victor Moniz, sairam ontem de Lisboa Hélio Rodrigues e Daniel Amaro. Para estes dois aventureiros, aventura é dar a Volta a África em UMM: conduzem um Alter II de 70 cv, produzido em 1990 para a frota da Guarda Nacional Republicana. E contam que em seis meses atravessem todo o continente africano. De norte a sul e vice-versa!
Quando dizemos que aventura é dar a Volta a África em UMM, temos consciência que Hélio Rodrigues e Daniel Amaro têm um enorme desafio pela frente. E não tanto pelos cerca de 40.000 quilómetros que estimam percorrer em 180 dias. Nem sequer porque irão enfrentar inúmeras etapas onde o desconhecimento será total. O que vai marcar mesmo esta aventura é o facto de a empreenderem com um clássico do todo terreno…
O UMM Alter II que Victor Moniz comprou para que os seus companheiros vão ao seu encontro até à Nigéria é um “veterano” da Guarda Nacional Republicana. Se fosse um militar, que tivesse entrado como “Praça”, no mínimo teria passado à disponibilidade como Primeiro Sargento. Mas trata-se apenas de uma viatura; foi recebida em 1990 com meia-dúzia de quilómetros, percorridos entre a fábrica da UMM e os parques de estacionamento e preparação para entrega. E volvidos estes 29 anos, já não está ao serviço da GNR, mas o odómetro marca um pouco mais de 277 mil quilómetros.
Terceira fase de um projecto cheio de determinação
![UMM Alter II Volta a África](https://i1.wp.com/revistatt.pt/wp-content/uploads/2019/10/UMM-frente-areia.jpg?resize=1160%2C773&ssl=1)
Na primeira abordagem desta viagem, em 2017, Victor Moniz usou com veículo de apoio um Dacia Duster 1.5Dci. E o carro arrancou para África tal como, uns dias antes da partida, tinha saído do stand: absolutamente de série. Nem os pneus de estrada trocou. E se insistimos imenso em que o fizesse, a verdade é que o Dacia chegou ao Benin sem nunca ter sofrido sequer um furo. Uns meses depois, ao tentar retomar o percurso, Moniz fez integrar no seu projecto dois jovens que tinham o seu próprio plano. Partiram num velho Land Rover Discovery para dar a Volta a África e de caminho, Tiago e Gabriel encontraram Victor no Benin. Mas uma queda já na Nigéria impediu Victor de prosseguir…
“O projecto só ficará completo quando conseguir chegar a Luanda aos comandos da minha Yamaha Ténéré”, garantiu à Todo Terreno este português da Anadia, que reside em Angola há vários anos. “Mal tinha recomeçado a viagem, quando cai devido a uma distracção, em Lagos. A moto nada sofreu, mas eu sim. E tive de ser evacuado, para tratamento às lesões num pé”, recorda Victor Moniz.
Passados dois anos sobre a segunda interrupção, a viagem vai recomeçar com a terceira tentativa. “E quero acreditar que seja como o ditado popular, ou seja, que à terceira será de vez!” – diz-nos, confiante, Victor Moniz.
Usar um “clássico” como o UMM aumenta o desafio
![UMM Made in Portugal](https://i0.wp.com/revistatt.pt/wp-content/uploads/2019/10/UMM-Traseira.jpg?resize=1160%2C773&ssl=1)
“A escolha do UMM como novo veículo de apoio reflecte o meu desejo de homenagear a marca portuguesa”, justifica o responsável pelo projecto da Volta a África. “Os UMM tornaram-se lendários desde que foram correr o Rali Dakar e terminaram sempre. Isso fez-me pensar que um UMM também pode aguentar uma maratona como esta viagem”, tanto mais que o ritmo não será o da corrida.
Este UMM Alter II, com motor diesel Peugeot de quatro cilindros em linha e 2,5 litros, tem apenas 70 cv de potência. Mas dispõe de tracção integral inserível e caixa de transferências com relações longas e curtas. Mesmo com uma potência mínima, sempre foi uma máquina a vencer obstáculos. E o percurso prevê-se rolante. Daí que, embora Victor Moniz considere que “usar um clássico como o UMM aumenta o desafio”, não tem dúvidas em como “o carro vai chegar ao fim!”
Dar o exemplo aos candidatos a aventureiros
Victor Moniz pretende também dar um exemplo aos candidatos a aventureiros. “Para cumprir um sonho como este, não temos de ser milionários”, avisa. “Entre a aquisição e a revisão geral que mandei fazer até estar pronto para partir África abaixo, os gastos foram reduzidos”, adianta: “Não gastei mais de 7000 euros e conto que quando a viagem terminar, ainda tenha carro para andar!”
Quanto à preparação, Moniz revela que “nem isso lhe podemos chamar. Apenas me preocupei em verificar todos os órgãos essenciais e confirmar que tudo está a funcionar devidamente. Chegar a Luanda será uma vitória tão impactante quanto o foi em 1982 para a UMM, conseguir terminar o Rali Dakar”, considera o aventureiro.
A revista Todo Terreno é parceira desta aventura desde o primeiro momento. E prometemos ir dando conta do evoluir da viagem!
![A Todo Terreno na Volta a África](https://i0.wp.com/revistatt.pt/wp-content/uploads/2019/10/UMM-lado-com-a-Todo-Terreno-e-Megre.jpg?resize=1160%2C773&ssl=1)
Texto: Alexandre Correia
Fotos: Hélio Rodrigues/Volta a África
por: Alexandre Correia