Ricardo Moura e António Costa venceram a 51ª edição da prova açoriana que vai brilhando no calendário europeu do ERC. Um rali que foi muito intenso e competitivo até à última especial de classificação, com Ricardo Moura a dar o golpe de misericórdia no russo Alexey Lukyanuk na derradeira passagem pela Tronqueira, o troço favorito do campeão açoriano.
Não foi uma vitória fácil aquela que Ricardo Moura conquistou em São Miguel. Foi sim um triunfo muito saboroso, que ficará para a história da prova açoriana e gravado a ouro na memória do piloto. Para além da rapidez e eficiência reconhecida a Moura, o tricampeão nacional de ralis teve de contar também com os azares do Lukyanuk e também do campeão europeu Kajetanowicz, que foi o primeiro a sentir problemas, quando ficou sem tração dianteira no seu Ford Fiesta R5. Irremediavelmente perdido para tentar a vitória, o piloto polaco acabou a pensar nos pontos do ERC e guardou a 3ª posição. A partir daí, e depois do abandono do jovem Ralfs Sirmacis com um braço da direção do Skoda Fabia R5 partido na primeira passagem pela Tronqueira, a luta pela vitória resumia-se a Moura e ao piloto russo. Ricardo Moura que já liderava com 42,7 segundos de vantagem para Lukyanuk, depois deste ter perdido mais de um minuto em Vila Franca/São Brás 2, com problemas no turbo do Fiesta, foi surpreendido com o ataque do “foguete russo” em Graminhais 2, que conseguiu reduzir para metade a vantagem do piloto açoriano, numa altura em que faltava apenas um troço para o final do rali. E foi precisamente na Tronqueira que o piloto da casa puxou pelo galões e mostrou que também sabe andar em patamares europeus, triunfando com 5,3 segundos de vantagem para Lukyanuk, deixando assim a margem final favorável em 26,8 segudos, para celebrar em Ponta Delgada a vitória mais agradável da sua carreira, precisamente 45 anos depois de outro açoriano ter ganho o rali (Raul Mendonça em 1971 com um BMW 2002)
Se Moura festejou emocionalmente esta vitória, Lukyanuk (2º) e Kajetanowicz (3º) juntaram-se aos festejos, agradados com os pontos conseguidos nos Açores para o ERC. Para além do pódio composto por três Ford Fiesta R5, foi interessante de seguir a batalha para os pontos do Campeonato Nacional de Ralis. O campeão José Pedro Fontes defendia-se de João Barros e Pedro Meireles, os dois principais interessados em desalojar o piloto do Citroen DS3 da liderança. Barros acabou o rali mais cedo, depois de um despiste nas Sete Cidades, e Meireles colocava o Skoda Fabia R5 em posição de destaque, aproveitando alguns problemas que foram afetando o Citroen de Fontes, que sofreu inclusivamente uma penalização de dois minutos à entrada para o último dia de prova, devido a demora na assistência para resolver um problema na caixa de velocidades do DS3. E se nas contas de Meireles e Fontes a colheita feita nos Açores parecia suficiente, foi agradável assistir à excelente prestação de Luís Miguel Rego, um jovem piloto açoriano que fez a estreia de um novo Ford Fiesta R5. Foi o 3º melhor português em prova, ficando apenas a duas décimas de segundo de Pedro Meireles, apesar de ter tido a dura tarefa de abrir a estrada no primeiro dia de prova e, ao mesmo tempo, apreender o comportamento do novo carro. Em excelente plano estiveram também Ricardo Teodósio e Miguel Barbosa, sendo de destacar igualmente o comportamento do açoriano Ruben Rodrigues, o 2º classificado do grupo N em termos absolutos. De “outro planeta” é sem dúvida alguma Diogo Gago (Peugeot 208 R2). O jovem piloto algarvio não só conseguiu vencer a categoria ERC3, como também foi o melhor entre os carros de duas rodas motrizes, tudo isto perante uma forte concorrência estrangeira muitíssimo bem preparada.
O Azores Airlines Rallye foi muito disputado e até emotivo. Terminou em ambiente de festa, pois teve um vencedor açoriano, com Ricardo Moura a conquistar o resultado que lhe faltava.
por: António Xavier
