Com cerca de dois terços do percurso cumpridos, os quatro Land Rover Discovery 5.0 V8 que integram a expedição “Journey of Discovery” rolam nesta altura pelas margens do Mar de Aral, em pleno deserto uzebeque. Atravessar a fronteira do Caziquistão para o Uzebequistão foi até agora o maior desafio que a caravana teve de superar; por um lado,devido às dificuldades em alcançar o posto fronteiriço, através de trilhos e caminhos ora poeirentos, ora lamacentos, mas sem cheios de trânsito desordenado. Por outro lado, chegar ao Uzebequistão é como que retroceder no tempo até ao período duro da antiga União Soviética, pois embora este país já conte com duas décadas de independência, a herança do passado continua bem presente, nomeadamente na extrema burocracia que é seguida nos trâmites fronteiriços. Ainda assim, os dez membros da expedição não se podem queixar da sorte, pois para além de terem conseguido alcançar a fronteira pouco antes do encerramento, em “apenas” sete horas conseguiram receber os passaportes devidamente carimbados e a autorização para prosseguirem viagem, quando lhes tinham dito que a média desta operação levava três dias!
Assim que os Discovery começaram a rolar pelo Uzebequistão, tomaram rumo ao Mar de Aral, bem no meio do deserto e hoje uma sombra do passado. Chegou a ser a quarta maior reserva de água doce do planeta, mas hoje a água ocupa apenas dez por cento da superfície de outrora e não passa de um mero lago, onde já não navegam os navios que antigamente estabeleciam a ligação entre as diversas cidades ao longo das margens. Grande parte dessa frota está hoje encalhada em terra seca e espera que a ferrugem se encarregue de fazer desaparecer esses testemunhos de uma era que já lá vai. Curiosamente, este é um tema bastante sensível para esta expedição, ou o objectivo não fosse tentar obter 1.200.000 euros de donativos para financiar um projecto da Cruz Vermelha Internacional no Uganda, que consiste em instalar um sistema de fornecimento de água potável a uma comunidade de 40.000 pessoas.
O trânsito no deserto do Uzebequistão. Há sempre que contar que a qualquer momento um par de camelos possa atravessar a estrada, indiferente aos veículos que circulam…
por: Alexandre Correia